Comunidade e Cultura Surda do
Brasil
Educadora Luciana
As comunidades
surdas estão espalhadas pelo país, e como o Brasil é muito grande e
diversificado, as pessoas possuem diferenças regionais em relação a hábitos
alimentares, vestuários e situação socioeconômica, entre outras. Estes fatores
geraram também algumas variações lingüísticas regionais. As escolas de
surdos, de surdos, mesmo sem uma proposta bilíngüe (língua portuguesa e
língua de sinais), propiciam o encontro do surdo com outro surdo, favorecendo
que as crianças, jovens e adultos possam adquirir e usar a LIBRAS. Em
muitas escolas de surdos há vários professores que já sabem ou estão aprendendo
com “professores surdos” a língua de sinais, além de oferecer cursos também
para os pais destas crianças.
Cultura surda é o jeito de o
sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de se torná-lo
acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que
contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das
comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as idéias, as
crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo. Descreve a pesquisadora
surda:
[...] As identidades surdas são construídas dentro
das representações possíveis da cultura surda, elas moldam-se de acordo com
maior ou menor receptividade cultural assumida pelo sujeito. E dentro dessa
receptividade cultural, também surge aquela luta política ou consciência
oposicional pela qual o indivíduo representa a si mesmo, se defende
da homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos habitável, da
sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia
social (PERLIN, 2004, p. 77-78).
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Estabelecendo diferenças entre
cultura e comunidade
[...] uma cultura é um conjunto de comportamentos
apreendidos de um grupo de pessoas que possuem sua própria língua, valores,
regras de comportamento e tradições; uma comunidade é um sistema social
geral, no qual um grupo de pessoas vivem juntas, compartilham metas comuns e
partilham certas responsabilidades umas com as outras (STROBEL, 2008, p.30-31).
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Então entendermos que a
comunidade surda de fato não é só de sujeitos surdos, há também sujeitos
ouvintes – membros de família, intérpretes, professores, amigos e outros –
que participam em compartilham os mesmos interesses em comuns em uma
determinada localização.
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Deficiente auditivo, surdo ou
surdo-mudo?
O
surdo-mudo é a mais antiga e inadequada denominação atribuída ao surdo, e
infelizmente ainda utilizada em certas áreas e divulgada nos meios de
comunicação. Para eles, o fato de uma pessoa ser surda não significa que ela
seja muda. A
mudez significa que a pessoa não emite sons vocais. Para a
comunidade surda, o deficiente auditivo não participa de Associações e não sabe
LIBRAS. O surdo é aquele que tem a LIBRAS como sua língua.
Compreendendo o mundo surdo
Por anos, muitos têm avaliado de forma depreciativa o
conhecimento pessoal dos surdos. Alguns acham que os surdos não sabem
praticamente nada, porque não ouvem nada. Há pais que super protegem seus
filhos surdos ou temem integrá-los no mundo dos ouvintes ou mesmo no mundo dos
surdos. Outros encaram a língua de sinais como primitiva, ou inferior, à língua
falada. Não é de admirar que, com tal desconhecimento, alguns surdos se sintam
oprimidos e incompreendidos. Em contraste, muitos surdos consideram-se
“capacitados”. Comunicam-se fluentemente entre si, desenvolvem auto-estima e
têm bom desempenho acadêmico, social e espiritual. Infelizmente, os maus-tratos
que muitos surdos sofrem levam alguns deles a suspeitar dos ouvintes. Contudo,
quando os ouvintes interessam-se sinceramente em entender a cultura surda e a
língua de sinais, e encaram os surdos como pessoas “capacitadas”, todos se
beneficiam.
Comunicação visual
Para estabelecer
uma boa comunicação com uma pessoa surda é importante o claro e apropriado
contato visual entre as pessoas. É uma necessidade, quando os surdos se
comunicam. De fato, quando duas pessoas conversam em língua de sinais é
considerado rude desviar o olhar e interromper o contato visual.
E como captar a atenção de um surdo? Em vez de gritar ou falar o
nome da pessoa é melhor chamar sua atenção através de um leve toque no ombro ou
no braço dela, acenar se a pessoa estiver perto ou se estiver distante.
Dependendo da situação, pode-se dar umas batidinhas no chão (ele poderá
sentir a vibração através do corpo) ou fazer piscar a luz. Então, converse
com o surdo olhando em seus olhos. Para se fazer entender, não se envergonhe de
apontar, desenhar, escrever ou dramatizar. Utilize muito suas expressões
faciais e corporais. Tais recursos são importantes quando não há ainda domínio
da língua de sinais. Esses e outros métodos apropriados de captar a atenção dão
reconhecimento à experiência visual dos Surdos e fazem parte da cultura surda.
Aprender uma língua de sinais não é simplesmente aprender sinais de um dicionário.
Muitos aprendem diretamente com os que usam a língua de sinais no seu dia-a-dia
— os surdos. Em todo o mundo, os surdos expandem seus horizontes usando uma
rica língua de sinais.
Para saber mais à respeito, consultem:
PERLIN, Gladis. O Lugar da Cultura Surda, In THOMA,
Adriana da Silva e LOPES, Maura Corcini (orgs), A Invenção da Surdez: Cultura,
alteridade, Identidade e Diferença no campo da educação, Santa Cruz do Sul,
EDUNISC, 2004
STROBEL,
Karin. As imagens do outro
sobre a cultura surda.
Florianópolis. Editora UFSC. 2008.
Parabéns!!! que esse trabalho tenha a cada dia mais visibilidade e que as pessoas entendam a importancia da LIBRAS e que surdo nao é a mesma coisa que deficiente audutivo....otimo
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